Presidente do INSS e outros envolvidos em esquema bilionário
Em 23 de abril de 2025, Alessandro Stefanutto, presidente do INSS, pediu demissão após ter seu nome envolvido em um dos maiores esquemas de fraudes contra aposentados da história recente do Brasil. A operação que expôs a trama foi batizada de Operação Sem Desconto, conduzida por órgãos de controle e fiscalização federais. O escândalo repercutiu em todo o país, gerando revolta e dúvidas entre beneficiários do INSS.
O caso revelou uma teia de irregularidades que envolvia entidades representativas, descontos indevidos em folhas de pagamento e supostos vínculos de aposentados com associações sem o conhecimento ou consentimento deles. O impacto atinge milhares de brasileiros e levanta questionamentos sobre a segurança dos dados e das autorizações de desconto nos benefícios previdenciários.
Neste artigo, você vai entender quem é Alessandro Stefanutto, como funcionava o esquema fraudulento, quais entidades estão sendo investigadas e o que o aposentado pode fazer para se proteger desse tipo de prática. Acompanhe os detalhes e compreenda os desdobramentos desse caso que abala a confiança no sistema previdenciário.
Quem é o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto
Alessandro Antônio Stefanutto é um servidor público com mais de 25 anos de experiência na administração pública federal. Formado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, ele possui uma formação robusta, que inclui pós em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas e mestrado em Gestão e Sistemas de Seguridade Social pela Universidade de Alcalá, localizada na Espanha. Além disso, Stefanutto é especialista em Mediação e Arbitragem pela FGV e tem um mestrado em Direito Internacional pela Universidade de Lisboa.
Sua carreira começou no setor público, onde atuou como técnico da Receita Federal, focando na área aduaneira e de tributos internos. Também passou pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e trabalhou na Consultoria Jurídica do Ministério da Ciência e Tecnologia. Durante sua trajetória, foi Procurador Federal na Advocacia-Geral da União (AGU), ocupando cargos de destaque, como o de Coordenador-Geral de Administração das Procuradorias e Procurador-Geral do INSS.
Em julho de 2023, Stefanutto foi nomeado presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Seu desafio à frente da instituição era lidar com uma fila de 1,7 milhão de requerimentos e promover a modernização do sistema Meu INSS, visando melhorar a concessão de benefícios. Contudo, sua gestão enfrentou conflitos com os servidores, especialmente durante a greve de 2024, e sua administração foi marcada por dificuldades internas. Em abril de 2025, perdeu o cargo por estar envolvido em um esquema de fraudes bilionário, envolvendo aposentadorias e entidades em um acordo que os aposentados não consentiram em participar.
A operação que derrubou o presidente do INSS
A Operação Sem Desconto foi deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (GCU) visando investigar uma rede de entidades que aplicavam golpes em aposentados. O esquema consistia em cadastrar beneficiários como sócios de associações ou sindicatos sem autorização de quem estava pagando: os aposentados.
A partir disso, essas entidades conseguiam inserir descontos mensais diretamente no benefício do INSS, antes mesmo do pagamento mensal de suas aposentadorias, como se fossem contribuições voluntárias para os beneficiados. O sistema de consignação do INSS, que deveria garantir transparência e segurança, foi utilizado de forma fraudulenta para beneficiar organizações que recebiam esses valores indevidos.
Segundo a Análise publicada pela BBC Brasil, mais de R$ 6 bilhões podem ter sido movimentados por essas entidades nos últimos anos. A investigação revelou falhas nos controles internos do INSS e apontou omissão ou conivência de servidores públicos, incluindo, supostamente, Stefanutto. Devido às suspeitas, houve o afastamento e, em 23/04, ocorreu a demissão de Alessandro a pedido do presidente Lula.
Entidades sob investigação
O portal Terra noticia que, até o momento, 13 entidades foram apontadas nas investigações da Operação Sem Desconto. São elas:
- Ambec
- Sindnapi/FS
- AAPB
- AAPEN (anteriormente denominada ABSP)
- Contag
- AAPPS Universo
- Unaspub
- Conafer
- APDAP Prev (anteriormente denominada Acolher)
- ABCB/Amar Brasil
- CAAP
Essas organizações estão sendo analisadas por vínculos com práticas fraudulentas. Muitas operavam como entidades de “representação” ou “assistência social”, mas na prática apenas realizavam descontos indevidos. Algumas não conseguiam comprovar sequer o número de associados ativos, o que evidencia a fragilidade do sistema de controle.
Como evitar descontos indevidos na aposentadoria
Diante da gravidade do caso, muitos aposentados estão preocupados com possíveis descontos não autorizados em seus benefícios. Abaixo, estão algumas recomendações práticas para se proteger:
- Acesse o Meu INSS regularmente: Verifique sua folha de pagamento mensalmente e identifique qualquer desconto estranho.
- Questione imediatamente valores não reconhecidos: Se notar um desconto de entidade que você não conhece, registre reclamação pela Central 135 ou pelo portal.
- Solicite bloqueio de consignações: No Meu INSS, é possível bloquear a possibilidade de qualquer desconto em folha.
- Não compartilhe seus dados pessoais: Informações como CPF, nome completo e número do benefício podem ser usadas por terceiros de má fé.
- Denuncie irregularidades: O Ministério da Previdência possui canais de denúncia para fraudes e abusos no sistema.
Essas atitudes ajudam a proteger o aposentado e dificultam a ação de golpistas que se aproveitam de brechas no sistema.
Conclusão
A demissão do presidente do INSS e de outras autoridades do instituto evidencia a vulnerabilidade de um sistema que deveria proteger os cidadãos mais vulneráveis do país. O escândalo provocado pela Operação Sem Desconto coloca em xeque a segurança dos procedimentos administrativos e exige medidas imediatas de correção por parte das autoridades.
Mais do que punir os responsáveis, o momento exige transparência, modernização dos sistemas de controle e campanhas educativas para orientar os aposentados sobre seus direitos. O caso serve de alerta para que todo cidadão acompanhe de perto o que acontece com seu benefício e denuncie abusos.
Perguntas sobre o caso
1. O que foi a Operação Sem Desconto?
Foi uma investigação da Polícia Federal e do Ministério Público que descobriu um esquema de fraudes com descontos indevidos em aposentadorias.
2. Quem era o presidente do INSS, investigado como participante da fraude?
Alessandro Stefanutto, que se demitiu do cargo no dia 23 de abril de 2025.
3. Como os aposentados eram lesados no esquema?
Eram cadastrados como sócios de entidades sem consentimento e tinham descontos mensais indevidos em seus benefícios.
4. Posso bloquear descontos no Meu INSS?
Sim. O sistema permite bloquear descontos consignados e acompanhar todos os valores descontados.
5. Quais entidades estão sendo investigadas?
Dentre outras, estão Ambec, Sindnapi/FS, AAPB, Contag, Unaspub e ABCB/Amar Brasil.